O Dízimo à Luz das Escrituras: Um Estudo Sistemático

Introdução

Falar sobre dízimos e ofertas na igreja é, para muitos, um tema desafiador. No entanto, é essencial que tratemos desse assunto com base bíblica, pois ele carrega princípios espirituais profundos e traz bênçãos para aqueles que participam com fidelidade. Quero começar lembrando que dízimo e oferta não são a mesma coisa. Neste estudo, vamos explorar o dízimo em seu contexto bíblico, entender sua origem, propósito e relevância para os cristãos hoje.

 O Que É o Dízimo?

A palavra “dízimo” significa a décima parte. Biblicamente, o dízimo é a devolução de 10% de tudo que recebemos, como fruto do nosso trabalho ou de qualquer rendimento que chega às nossas mãos (Levítico 27.30-32). O dízimo foi instituído como parte da Lei de Moisés, mas sua prática antecede a Lei, como veremos a seguir.

Abraão, chamado de pai da fé, foi o primeiro a entregar o dízimo de forma voluntária. Em Gênesis 14.18-20, após vencer uma batalha, ele deu o dízimo de todos os despojos a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo. Melquisedeque, um tipo de Cristo (Hebreus 7.1-3), representa a superioridade do sacerdócio de Jesus. Assim, mesmo antes da Lei mosaica, o dízimo já era um ato de adoração e reconhecimento da soberania de Deus.

O Dízimo no Antigo Testamento

Com a instituição da Lei, o dízimo passou a ser um mandamento claro para o sustento da obra de Deus e do sacerdócio levítico (Números 18.21-24). Ele era destinado ao sustento dos levitas, que se dedicavam integralmente ao serviço no tabernáculo e posteriormente no templo. Além disso, o dízimo também proporcionava sustento para os necessitados, incluindo órfãos, viúvas e estrangeiros (Deuteronômio 14.28-29).

O profeta Malaquias, em um de seus discursos mais conhecidos, repreendeu o povo de Israel por negligenciar a prática do dízimo, chamando-os a voltar à fidelidade. Ele destacou que reter o dízimo era considerado roubo contra Deus, mas prometeu bênçãos abundantes para aqueles que fossem fiéis (Malaquias 3.8-10).

O Dízimo no Novo Testamento

Muitas pessoas questionam se o dízimo ainda é válido no Novo Testamento (NT), mas a verdade é que ele nunca foi abolido. Em Mateus 23.23, Jesus repreende os fariseus por sua hipocrisia: eles eram rigorosos em dar o dízimo até das menores ervas, mas negligenciavam os aspectos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fé. No entanto, Ele afirmou que deveriam praticar o dízimo sem negligenciar as demais questões.

Embora o NT não repita o mandamento do dízimo como uma ordenança, os primeiros cristãos, especialmente os judeus convertidos, continuaram praticando o dízimo como parte de sua adoração. A essência do dízimo se alinha perfeitamente com os princípios de generosidade e mordomia cristã, que são amplamente ensinados nas Escrituras (2 Coríntios 9.6-8).

O Significado Espiritual do Dízimo

O dízimo é mais do que uma obrigação religiosa; ele é um ato de fé e submissão. Quando dizimamos, reconhecemos que tudo o que temos pertence a Deus e que somos apenas mordomos dos recursos que Ele nos confia. Além disso, dizimar é participar da missão de Deus na terra, sustentando a obra redentora que Ele realiza por meio da Sua igreja.

Abraão deu os dízimos a Melquisedeque, que prefigura Cristo. Nós, como filhos de Abraão pela fé (Gálatas 3.7-9), somos chamados a seguir seu exemplo, entregando nossos dízimos ao Senhor Jesus, que é nosso Sumo Sacerdote eterno.

Testemunho Pessoal

Quero compartilhar algo pessoal com você. Durante meu ministério, enfrentei desafios financeiros. Houve momentos em que o sustento pastoral era limitado, e até mesmo meu salário foi reduzido. Mas nunca deixei de crer que Deus é meu provedor.

Muitos acham que o dízimo é para sustentar o pastor, mas ele é para a obra de Deus. Quem pensa que pode usar o dízimo para manipular ou chantagear líderes espirituais não entendeu a essência da fé. Deus é quem sustenta aqueles que Ele chama.

Certa vez, quando enfrentava dificuldades financeiras, Deus proveu milagrosamente uma oferta inesperada que me ajudou a quitar dívidas e resolver questões urgentes. Esse testemunho é um lembrete de que Deus é fiel para suprir todas as nossas necessidades quando somos fiéis a Ele.

A Importância de Participar da Missão de Deus

Dizimar é mais do que um ato financeiro; é uma declaração espiritual. Toda vez que devolvemos o dízimo, estamos proclamando que Jesus é o Senhor de nossas vidas e de tudo o que temos. Estamos dizendo ao mundo, ao reino espiritual e a nós mesmos que confiamos no cuidado de Deus e desejamos ser participantes de Sua obra na terra.

Dizimar também é um ato de adoração e gratidão. É reconhecer que tudo o que temos vem de Deus e que Ele merece o melhor de nós. Além disso, é uma oportunidade única de participar do que Deus está fazendo neste mundo. No céu, não haverá dízimos, pois não haverá necessidade de sustentar a obra de evangelização. Portanto, a chance de contribuir é agora, enquanto estamos na terra.

Conclusão

O dízimo não é um peso, mas uma oportunidade de abençoar e ser abençoado. Ele é uma forma de demonstrar nossa fidelidade e gratidão a Deus, de participar de Sua missão e de declarar que confiamos Nele como nosso provedor.

Se você tem retido o dízimo, reflita sobre sua atitude. Não é a igreja ou o pastor que você está privando, mas a própria obra de Deus. Arrependa-se e experimente a fidelidade de Deus em sua vida.

Ao concluir, é importante trazer um alerta: tenha cuidado com falsos pastores, falsos profetas e falsas igrejas que ensinam o dízimo como uma forma de barganha com Deus, prometendo riquezas materiais em troca de ofertas. Esse tipo de ensino não é bíblico e distorce a verdadeira essência do dízimo, que é um ato de fé, gratidão e participação na obra do Senhor. O dízimo não compra bênçãos, pois tudo o que recebemos de Deus é fruto de Sua graça, e não de méritos humanos. Por isso, procure uma igreja que seja fiel às Escrituras, onde o Evangelho seja pregado com integridade e onde você possa crescer na graça e no conhecimento de Cristo, participando ativamente da missão que Ele realiza na terra.

Aqui estão alguns textos bíblicos relevantes que alertam sobre falsos profetas e falsas doutrinas, bem como a importância de buscar uma igreja fiel à Palavra de Deus:

  1. Mateus 7.15:
    “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.”
    Jesus nos adverte para estarmos atentos aos que aparentam ser piedosos, mas cujas intenções são enganosas e prejudiciais.

  2. 2 Timóteo 4.3-4:
    “Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.”
    Paulo descreve como muitos preferirão ensinamentos que atendam aos seus desejos, afastando-se da verdade bíblica.

  3. 2 Pedro 2.1:
    “Assim como surgiram falsos profetas no meio do povo, também haverá falsos mestres entre vocês. Eles introduzirão heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.”
    Esse texto reforça que falsos mestres podem surgir mesmo dentro da comunidade cristã, desviando pessoas do verdadeiro Evangelho.

  4. Mateus 24.11:
    “Muitos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos.”
    No contexto dos últimos tempos, Jesus menciona o aumento de falsos profetas que enganarão multidões.

  5. 1 Timóteo 6.3-5:
    “Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende. Ele tem interesse doentio por controvérsias e discussões acerca de palavras que resultam em inveja, contendas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, pensando que a piedade é fonte de lucro.”
    Aqui, Paulo também alerta sobre aqueles que enxergam o ministério e a fé como um meio de enriquecimento pessoal.

  6. Atos 20.29-30:
    “Sei que, depois da minha partida, lobos vorazes entrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos.”
    Esse alerta de Paulo aos líderes da igreja de Éfeso mostra que o perigo de falsos mestres pode surgir tanto de fora quanto de dentro da igreja.

  7. João 8.32:
    “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.”
    Esse texto reforça a necessidade de buscar a verdade nas Escrituras, como um antídoto contra falsos ensinamentos.

  8. Efésios 4.14:
    “O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro.”
    Paulo exorta os cristãos a se firmarem na verdade para não serem enganados por falsas doutrinas.

Estes textos oferecem uma base sólida para entender a seriedade do assunto e a importância de buscar uma igreja comprometida com a Palavra de Deus e com a pregação do verdadeiro Evangelho.

Espero que tenha consigo tirar todas as suas dúvidas. Em breve estaremos escrevendo sobre a oferta bíblica. Se este estudo falou ao seu coração, deixe abaixo um comentário a respeito!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *